Pescaria no Litoral Gaúcho

Para quem não conhece o litoral do Rio Grande do Sul temos uma imensa extensão territorial de mar aberto caracterizada pela água turva, ventos fortes e muitas ondas. Neste mar agitado é praticamente impossível fazer lançamentos com o caniço atrás da primeira arrebentação, necessitando arremessar mais de 300 metros de distância da beira para deixar sua isca atrás das primeiras ondas.
Condições do tempo
Nem sempre as condições do tempo e do mar são tão adversas, podendo com sorte encontrar águas limpas e um mar mais calmo com poucas ondas, facilitando a entrada para fazer o arremesso. Dizem que o mar agitado é melhor para atrair os peixes. Podemos encontrar também condições do mar que formam grandes bancos de areia e permitem a entrada no mar para arremessar mais no fundo, mas se você não mora na beira da praia dificilmente irá encontrar essas condições perfeitas no dia da sua pescaria.
Alternativas para lançamento
Vou tentar listar aqui todas as formas que eu conheço e/ou já fiz. Algumas alternativas exigem entrar na água para levar sua linha até o local desejado, é importante ter um bom preparo físico e saber nadar em mar agitado para encarar entrar nessas águas. Só tente essas alternativas se você realmente souber o que está fazendo e já tiver experiência praticando esportes no mar.

No inverno fica ainda mais difícil entrar na água gelada com as baixas temperaturas e ventos fortes do litoral gaúcho.
Entrando na água agitada
Prancha de surf
Essa foi a primeira forma que utilizei para levar a linha para dentro do mar, normalmente funciona mas depende muito das condições do mar. Com o mar muito agitado fica difícil e até perigoso atravessar a arrebentação. Além do fato de ter que entrar na água puxando uma linha, o que acaba pesando um pouco mais na remada pelo atrito da água com a corrente do mar.

Cuidado com as fortes correntes e as redes de pesca quando estiver na água. Sempre caminhe antes na areia a distância que você irá percorrer e evite entrar se encontrar cabos de rede neste percurso.
Prancha de Stand Up Paddle ou SUP

É possível entrar no mar usando uma prancha de SUP, já vi e também tenho amigos que entram para levar a linha dessa forma. Eu considero mais difícil furar as ondas com o pranchão de SUP do que com uma prancha pequena de surf. Ainda não tentei atravessar a arrebentação no mar aqui do Sul com SUP, em Santa Catarina já utilizei no mar e passando pela arrebentação sem muita dificuldade.
Caiaque de pesca
Esta é sem dúvida a forma mais divertida de pescar, gostei tanto que comprei um caiaque de pesca. Porém aqui no sul é realmente difícil atravessar a arrebentação remando, ficando muito dependente das condições do mar que não pode estar muito agitado. As poucas vezes que consegui atravessar valeram muito a pena o esforço. Além de levar a linha você pode ficar lá dentro pescando com um caniço pequeno, tendo uma âncora no caiaque facilita bastante.
Este foi o modelo de caiaque de pesca que eu escolhi, suporta uma grande quantidade de acessórios e compartimentos prontos para ajudar na pescaria. Porém para atravessar um mar agitado esse caiaque é muito lento e pesado dificultando muito a passagem pelas ondas grandes. Com um caiaque mais simples você perde um pouco nos acessórios e o conforto mas terá mais facilidade para atravessar as ondas grandes. Existe a possibilidade de colocar um motor de popa específico para caiaques, sem a hélice para evitar acidentes, inclusive este modelo já vem pré-preparado para encaixar o motor, mas eu ainda não testei com motor.
Alternativas de lançamento da beira da praia
Canhão de pressão para pesca
Este equipamento parecido com um canhão é feito para arremessar a chumbada nas suas pescarias. Modelos comerciais do canhão de pesca prometem longos arremessos acima de 300 metros. Eu cheguei a testar uma vez com um canhão emprestado de um amigo, este que testei foi feito em casa e era um pouco diferente dos modelos vendidos na internet.

Eu não tive sucesso com este equipamento, não consegui lançar nenhuma vez com isca, só funcionou fazendo testes atirando gelo, mas com a chumbada e a isca montada não deu certo. Posso não ter utilizado corretamente, por falta de conhecimento mesmo, porém nessa minha primeira impressão não pareceu ser prático. Era preciso congelar o anzol iscado dentro de uma forma um dia antes da pescaria para poder arremessar no canhão.
Pandorga ou pipa de pesca

Entre todas alternativas citadas neste texto esta é a mais difícil por depender completamente das condições do tempo. Para conseguir puxar a linha com a pandorga é necessário vento terral, que é aquele vento sopra da terra em direção ao mar. Sabemos que pelo menos aqui no Sul este vento é extremamente difícil de acontecer, ocorre poucos dias ao ano e tem a duração de poucas horas, portanto se você não estiver no local certo no momento certo e com tudo pronto não irá conseguir utilizar. A montagem não é simples mas você encontra vídeos no Youtube que explicam como fazer.
Torpedo de pesca

Este dispositivo reboca uma corda guia e sua linha de pesca até o local desejado dirigido por controle remoto similar ao drone. Com um comando no controle remoto a linha é liberada no local desejado. O equipamento então pode ser desligado e você pode trazê-lo de volta através da corda guia. Eu não cheguei a testar este equipamento mas aparentemente ele leva maior capacidade de peso do que o drone, por estar puxando por dentro da água e não ter o perigo de cair.
Estas são as formas de levar a isca sem drone que eu já testei ou vi outros pescadores fazendo, se você conhece outras nos envie para colocarmos aqui. Até agora das alternativas conhecidas o drone é sem dúvida a forma com melhor resultado, sem precisar entrar na água nem ficar tão dependente das condições do tempo.
Um abraço e boa pescaria!